terça-feira, 20 de setembro de 2016

Bunkai kata



Resultado de imagem para hangetsu


BUNKAI KATA.

By Getulio Taigen

Tudo o que você sempre quis saber o Bunkai Kata, mas seu professor nunca te disse.
Antes de começar com meus famosos textões que poucos leem, preciso esclarecer que o que escrevo tem como direção os alunos da Taigen Karate.
Qualquer coisa publicada com minha assinatura representa apenas minha concepção sobre o karate que pratico e ensino e, não o de alguma federação, organização ou instituição de Karate.
Estando isso entendido, vamos ao que interessa.
____________________________________________________

Durante uma aula, ouvi abismado de uma aluna iniciante, ela dizer que não gosta muito de treinar kata.
A pergunta que fiz logo depois foi: Porque?
A resposta foi: É chato ficar ensaiando passinhos de coreografia no fim de todas as aulas. Disse ainda, que era melhor utilizar o tempo perdido com o kata para treinar golpes que pudessem ser utilizados em situações de combate real, sem ter que se preocupar com a “beleza” da coisa.
Confesso que fiquei preocupado!!!
Onde foi que eu errei?
Em verdade, quando um aluno não entende alguma coisa, ou não consegue aprender algo, a culpa não é dele e sim do professor que não possui didática suficiente para fazer com que o conhecimento penetre naquele que possui dificuldade de aprendizado.
Quando um aluno acredita que á prática dos kata’s não está relacionado à luta, mas sim á uma performance artística. Uma espécie de dança. Uma dança esquisita…
O professor deve imediatamente parar e tentar repensar sua metodologia.
Vamos imaginar a cena:
Todos os alunos exaustos, depois de dar o máximo de si durante uma hora de treino. Aí o professor chega e fala:
Ok!  Agora para relaxar vamos treinar uma nova coreografia – it’s kata time!!!.
kata, por mais bonito que seja sua execução, não é uma atividade lúdica. Muito pelo contrário:
O kata é um sistema desenvolvido para ensinar defesa pessoal. Um sistema testado durante muito tempo e por muitos mestres.
Em meu magistério, costumo inicialmente fazer com que os alunos memorizem de forma indelével todos os passos de cada kata, somente depois é que eu começo a ensinar sua aplicação.
Creio realmente que sem transformar os movimentos numa segunda natureza dificilmente sua aplicação se transformará numa reação imediata.
Assim, somente na faixa vermelha o aluno começará a praticar os bunkai’s do heian shodan, um laranja do heian nidan e por aí vai.
Agora, conviva com a pressa atual das pessoas...
Todo mundo quer tudo para ontem, ninguém quer treinar por 15 anos, 5 vezes por semana para poder chegar a uma faixa preta sem envergonhar o Karate nem seu professor.
Mas afinal porque inventaram os kata’s?
Vamos pensar juntos:
O que se faz quando é necessário passar diversos ensinamentos a um número relativamente grande de pessoas?
Se formos observar as escolas, veremos que a solução encontrada foi á categorização e encadeamento lógico do conteúdo das matérias, de modo que fosse possível para os alunos internalizarem o conteúdo.
Com o kata é a mesma coisa. Cada kata é na realidade um conjunto de técnicas ‘amarradas’ de forma ‘quase’ lógica para que sejam compreendidas pelos praticantes.
E, ao contrário do que muitos pensam, kata não é exclusivo do Karate. Ele existe no Judo, no Ju-Jutsu, no Taekwondo, e até no Muay Thai.
Ao treinar Kata é importante saber e perceber a necessidade de se preocupar com sua função e não com a sua forma. Deve ter em mente que se o dedo mindinho do pé esquerdo estiver 0,5 milimetros para fora, isso não vai fazer muita diferença na hora do ‘vamos ver’.
As perguntas que se devem fazer ao aprender um kata são:
1-    O que este movimento significa? 
2-   Qual é a finalidade desta técnica? 
3-   Como ela é utilizada contra um adversário?
4-   Essa técnica serve apenas para defender um ataque oriundo do Karate, ou serve para outros ataques?
5-   Qual a sua aplicação prática?
6-   Existem outras aplicações?
Esqueça a beleza plástica da sua execução.
Pense no Kata como um conjunto de defesas, ataques, desequilíbrios, quedas, chaves em articulações etc. cuja utilização tem que funcionar em situações reais de combate! É obvio que uma técnica apurada, demonstrada de forma irrepreensível é bonita de se ver.
É justamente aí que mora o perigo!!!
A beleza pode acabar matando a marcialidade.
A diferença está na abordagem.
A maioria dos professores nunca aprendeu kata de uma forma coerente, estruturada e com esse entendimento.
Querem saber porquê?
Simples, nossos professores japoneses não sabiam ou não queriam que aprendêssemos karate e ficássemos melhores que eles.
As consequências foram devastadoras:
A maioria não gosta de kata devido à sua natureza puramente abstrata.
Por não ter aprendido corretamente, quase todos os professores passaram a alterar vários movimentos, na tentativa de fazer com que eles façam mais sentido. Alguns chegaram ate mesmo a criar novos kata’s, como se já não fossem bastante os vinte e seis do Shotokan.
Aliás, agora é moda, os mestres para se perpetuarem historicamente, inventam alguns kata’s ou trazem do fundo do empoeirado baú, antigos kata’s que ninguém mais se lembra, kata’s que foram modificados ou reunidos em um outro.
Com a diminuição do tempo de aula e o predomínio das competições, os poucos professores que dominavam as aplicações pararam de ensinar. Seja porque bunkai não marca pontos em campeonatos ou porque demanda muito tempo de aula para aprender.
Assim, a maioria dos alunos que ‘amam’ kata são aqueles que não querem se machucar, que tem medo do kumite, que acreditam (corretamente) que estão fazendo uma excelente atividade física, que preferem acreditar que estão praticando uma dança de guerra etc.
Acham que eu estou exagerando?
Vá assistir a uma aula de karate num dojo qualquer ou compareça em um campeonato. Você verá faixas vermelhas praticando Niju Shiho ou laranjas demonstrando Sochin.
Se você tiver olhos para ver e eles não estiverem embaçados pelos véus da hipocrisia perceberá claramente que os kata’s praticados se resumem a uma mera ginástica calistenica. Um monte de movimentos encadeados como uma coreografia de dança, objetivando o alto rendimento artístico com a intenção de impressionar os juízes e público em geral, não possuindo nenhuma aplicação real e prática. Praticamente um balé marcial.
Ok! Vamos aos fatos históricos.
O Karate foi originalmente concebido para ser usado como auto defesa contra um ou mais adversários, preferencialmente destreinados, provavelmente destros, desarmados e agressivos.
Ora! Em sendo o Kata um modelo mnemônico (aprender um veículo para a retenção e transmissão de informações) transmitida pelos mestres, com a finalidade principal de defesa pessoal, o kata deve, por pura lógica, basear-se em princípios que regem a uma auto defesa bem sucedida com técnicas eficazes de simples execução, fáceis de praticar e memorizar.
A ideia original da prática dos kata’s era a de sobreviver ileso á uma agressão. Apesar de ser de conhecimento público que a natureza inerentemente imprevisível de um ataque não possa garantir quaisquer resultados positivos, todo esforço no sentido de minimizar o resultado e aumentar as chances de sobrevivência deve ser perseguido.
Muito bem, agora que já entendemos a finalidade de sua concepção, vamos analisar, destrinchar, esmiuçar sua performance e seus desdobramentos.
A palavra Bunkai é formada por dois ideogramas:
Bun – parte, segmento
Kai – entender, compreender
Assim, literalmente falando o termo bunkai (antigamente se escrevia bunkwai) significa “entender, decompor e analisar as partes”.
Após memorizar perfeitamente um kata, deve o praticante entender que um kata possui várias compreensões, formas de estuda-lo e suas aplicações.
Bunseki. É o ato de analisar o kata como um todo coerente. Perceber suas sequências em separado, treinar suas variantes aplicações, compreender a finalidade de sua existência.
Oyo, trata-se de subdividir as várias sequências pertencentes ao kata e aplica-las sob uma ótica mais aprofundada, buscando sempre o real e não o imaginário. Lembre-se que na vida não tem juiz para dar nota, nem plateia para agradar.
Tendo o Bunseki como método de observação, deve-se entender porque as bases são diferentes, que não tem lógica efetuar duas defesas e depois virar de costas, que após uma ou mais defesas, obrigatoriamente tem que existir um contra-golpe (seja ele qual for).
No treino Bunseki deve-se tentar entender a premissa de que se a base utilizada fosse outra, outro seria o resultado. De igual maneira podemos nos referir aos ataques, não esquecendo de que existem kata’s que visam o equilíbrio, outros a fundamentação básica, outros a mudança rápida de posição e por aí vai.
Assim, escolhendo o kata que vá servir de estudo, tente perceber para qual finalidade ele foi concebido.
Resumindo – Estudar o kata sob vários ângulos e premissas chama-se Bunseki.
Já no Oyo, deve-se saber a diferença entre Ura e Omote.
Ura e Omote - Este é um conceito tipicamente japonês - a dualidade. Omote significa "Aquilo que se vê", aquilo que está visível, o que se percebe a primeira vista, sem uma atenção mais apurada.
Ura é algo que não se percebe, que está escondido, uma parte da casa que não recebe luz e se encontra escondida das pessoas.
Usando a casa como referência, a fachada é "omote", enquanto o interior é "ura". Da mesma forma o corpo de uma pessoa tem um lado "omote" (frente) e um lado "ura" (costas). 
Uma coisa é o que uma pessoa diz (Omote) Outra é o que ele realmente está pensando (Ura).
Omote também pode ser entendido como ‘o que você vê é o que você obtém’, ou seja, se isso se parece com um pato, nada como um pato e grasna como um pato - é provavelmente um pato. Assim, Cada técnica é tomada pelo valor daquilo que de cara se vê.
É semelhante ao princípio científico da Navalha de Occam (*)
Quando se é atacado, pode-se efetuar uma defesa forte e depois contra-atacar, ou pode-se "bater junto” (deai), isto é Omote, ou seja, é uma maneira de lutar de frente. Enquanto que uma outra forma seria "sair" em tai sabaki (esquiva) e atacar o oponente pelo lado ou pelas costas, isso é considerado Ura.
Os japoneses quando começaram a ensinar no ocidente, preocupados com o futuro de sua arte marcial, ensinavam apenas Omote - aquilo que é percebido, demonstrando desavergonhadamente técnicas sem nenhuma aplicação prática.
Vai no youtoube e veja as demonstrações antigas dos bunkai.
Não precisa ir muito longe, analise friamente o primeiro kata - Heian Sho Dan e, diga do fundo do coração, se as defesas e ataques que nos foram ensinados possuem o menor sentido ou lógica...
Agora, quem já teve a oportunidade de assistir os japoneses treinando sem a presença de ocidentais, saberá exatamente do que estou falando.
(*) [A Navalha de Occam é um princípio lógico atribuído ao frade franciscano inglês Guilherme de Ockham - sec XIV. O princípio afirma que a explicação para qualquer fenómeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do mesmo e eliminar todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria. O princípio é frequentemente designado pela expressão ‘Lei da Parcimónia’ enunciada como: ‘as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade’. O princípio recomenda, assim, que se escolha a teoria explicativa que implique o menor número de premissas assumidas e o menor número de entidades. A Navalha de Occam é um princípio metodológico, e não uma lei que diz o que é verdade e o que não é. Ou seja, ela não sugere que as explicações mais simples são sempre as verdadeiras e que as mais complexas devem ser refutadas em qualquer situação.]
Olhe o mesmo kata em outros estilos – existe mais alguma coisa em comum, além do nome? 
Por exemplo. Vejamos uma curiosidade. O mesmo kata no Shito Ryu, no Goju-ryu, no Uechi-ryu, no Isshin-ryu etc, chama-se Seisan. 
No Shotokan passou a se chamar Hangetsu porque Funakoshi ‘ajaponesou’ os nomes. Na china tem o nome de Shí sān shǒu . 
Esse kata é uma compilação de treze técnicas, a forma seria oriunda do estilo da garça Branca (kung fu). No Shotokan considera-se que este kata diverge em sua formatação (com sua execução moderada e controle da respiração) dos outros do estilo. A explicação é que Funakoshi treinou com o mestre Seisho Aragaki, um mestre dos estilos Naha Te e Goju Ryu onde esse kata é bem praticado.
O Hangetsu compila oito movimentos defensivos e cinco ofensivos, as sequências possuem bastante contraste, com o objetivo da adaptabilidade do lutador na transições entre os movimentos rápidos e lentos.
Agora, o que você pode aprender com a referência cruzada das várias maneiras de apresentar o mesmo kata?
Pense fora da caixa.
Uma outra concepção chama-se Honto bunkai. Em japonês, honto significa literalmente ‘real’ ou ‘realidade’, entretanto ao observarmos alguém efetuando um kata percebe-se que em cada 200 praticantes um espelha essa ‘realidade’ o restante quer apenas ‘fazer bonito’.
Nas palavras de Donn F. Draeger (autor de dezenas de livros sobre artes marciais) "Treinar Kata apenas como demonstração, é fazer dele um uso superficial e limitado"
Espero que tenha conseguido sanar as dúvidas existentes.
Oss!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Na última aula, conversamos sobre os estados mentais, corrigi várias vezes alguns alunos que enquanto faziam kata permitiam que suas mentes “voassem”, se desviassem dos movimentos que estavam efetuando. Resultado, movimentos errados, sem foco, sem energia, sem kime.
Pouco a pouco eu vou esclarecendo melhor sobre os assuntos ditos em aula.
Oss!
Os Quatro Estados da Mente (Mente Comum, Contemplação, Concentração e Meditação).
By Getulio taigen
Contemplação significa pensamento dirigido, direcionado. O leigo pode até achar que a mente em estado de contemplação é a mesma em estado de pensamento comum, mas não é verdade.
A maneira de pensar da mente comum é vago, desgovernado, não começa nem acaba em nenhum lugar. A mente comum funciona por associações.
Um pensamento levando a outro, sem qualquer comando de sua parte.
A mente comum, deste modo, de associação em associação navega livre e louca sem qualquer direção, como um navio desgovernado num oceano bravio (poético não..).
Por exemplo: de repente, você vê um gato atravessando a rua, lépido como só os felinos sabem ser. No exato momento em que você estabelece contato visual com o gato, sua mente comum, começa automaticamente, a pensar a respeito de gatos. A visão do gato captura e conduz sua mente, por meio de associações relacionadas a lembranças passadas.
Quando você era criança talvez gostasse (ou não) de gatos, a partir do momento em que você estabeleceu contato com o gato, todos o fato relacionado a gatos de sua infância vem a sua mente (como se você acessasse um arquivo específico na sua memória) e, por associação você começa a lembrar-se de coisas acontecidas durante seus contatos ao longo de toda a sua vida com os gatos, nesse meio tempo o gato acaba sendo esquecido, pois sua mente comum já se encontra completamente ligada a outras lembranças que por sua vez lembram outras e assim por diante.
Desta maneira o tempo passa, e de associações em associações você vai levando a vida. (acreditando piamente que está vivendo plenamente).
Se qualquer outra pessoa tivesse cruzado a rua com o mesmo gato, a associação mental seria completamente diferente, pois as experiências ao longo da vida foram diversas. Todo mundo possui elos associativos na mente. Não existe nenhuma relação entre dois ou mais pensamentos. Trata-se apenas de associação de um pensamento a outro, e, eles conduzem a si próprios.
Ou melhor, você é conduzido, levado de roldão pelos pensamentos associativos, de lá para cá como um peixe fora d’água.
Não há nesta associação nenhuma conexão lógica ou estudada, apenas e tão somente associações desgovernadas. Todo mundo tem.
Qualquer acontecimento por mais banal que possa parecer o empurra para outros pensamentos e, um pensamento leva a outro, a outro a outro e assim sucessivamente por toda a sua vida até que você interrompa essa sua existência tão fútil.
O pensamento comum transforma-se em contemplação quando não acontece através da associação, mas sim quando é dirigido.
É quando você está trabalhando em um sério problema e isola todas as associações. Você passa a tratar apenas desse problema em particular. A mente, sempre nervosa e agitada, tentará escapar dessa prisão, para algum tipo de associação. Você não deixa, corta todas as amarras, todos os atalhos, permite somente que sua mente ande numa única direção.
Um cientista, trabalhando em um complexo problema, está em contemplação. Um pintor, desenhando um quadro, está em contemplação. Um universitário estudando química está em contemplação. Um Karateca praticando Kata está em contemplação.
Neste momento, o mundo todo é suprimido e apenas o cientista e seu trabalho, o pintor e a pintura, o estudante e seus livros, o karateca e o kata permanecem.
No decorrer do processo contemplativo, muitas coisas paralelas o atrairão.
Não permita que sua mente se distraia ou se desvie. Só permita que ela se mova em uma direção, em uma linha única. Isto é contemplação. Qualquer pensamento lógico é contemplativo.
O pensamento comum é louco, solto, absurdo. A contemplação é lógica, racional.
Já a concentração é permanecer em um só ponto. Não é contemplar, não é pensar.
É estar com a mente direcionada em uma única coisa, sem permitir que a mente se mova. No pensamento comum a mente se move como um peixe fora d’água.
Na contemplação, a mente louca é direcionada, dirigida.
Na concentração, a mente não tem permissão para se mover.
No pensamento comum, a mente se move para onde quer.
Na contemplação ela se move para um lugar determinado/direcionado.
Na concentração, ela não se move, fica estacionada em um único ponto.
Entretanto, na meditação, nenhuma forma de amarra, direcionamento ou focalização é permitida.
A meditação é não-mente.
Na concentração, a mente tem licença para existir em um ponto único.
Na meditação até mesmo esse ponto e retirado, ela situa-se além do pensar e do não pensar.
No pensamento comum, todas as direções estão abertas.
Na contemplação, apenas uma.
Na concentração apenas um ponto está aberto (sem nenhuma direção).
Na meditação nada existe, nem a mente, somente o momentum “aqui e agora”.
O pensar comum é o estado da mente normal.
A meditação é o outro lado da margem, a maior conquista mental que um homem pode almejar.
Tentemos compreender: o que está acontecendo neste momento em sua mente?
Está acontecendo um processo ininterrupto de pensamentos! Se você conseguir diminuir um pouquinho essa pantomima mental, aos poucos, lentamente chegará a não-mente.
Mente significa pensamento; não mente significa, naturalmente, não pensamento.
Se através da prática assídua, seu processo de pensar, seus pensamentos estiverem se tornando mais densos, enchendo sua cabeça, dificultando sua vida, deixando você distraído, esquecido, então você estará indo à direção contrária da não-mente.
Se o processo de pensar torna-se menos denso, se é diminuído, desacelerado, se você está mais alerta, dormindo melhor, lembrando-se das coisas, você está no caminho certo, está dirigindo no caminho da não-mente.
Depende somente de você.
A mente é aquilo que você estiver fazendo agora. Se você estiver vivenciando a experiência deste exato momento, então você está na não-mente.
Devagar, gradativamente, através do treinamento, você vai diminuindo a quantidade de pensamentos em sua mente. Se apenas um por cento for retirado, sobram noventa e nove por cento de pensamentos.
É, como se você estivesse retirando móveis sujos, velhos, quebrados e sem serventia de sua sala revestida com piso de ouro do mais alto quilate e lustres de pedras preciosas.
Quando você inicia (com muito trabalho e determinação) a retirar a sujeira de sua sala, começa a aparecer espaço.
Quanto mais lixo você retirar, mais espaço você vai ter.
Quando após muito esforço conseguir tirar toda a sujeira, a sala se tornará só espaço (vazio).
O espaço não foi criado pela retirada dos móveis (leia-se pensamentos) o espaço sempre esteve aí.
Se você retira alguns pensamentos, ou usando uma linguagem mais atual, Quando você deleta alguns arquivos inúteis, o espaço é criado, descoberto, recuperado.
Se continuar removendo os pensamentos, aos poucos irá recuperando seu espaço original e acabará vendo a verdade.
Esse processo chama-se meditação.
A mente é como um grande disquete lotado de arquivos. O que fazemos, é ficar repetindo os mesmos pensamentos todos os dias.
Você é como um disco velho (daqueles antigos, arranhados de rotação 68) que fica repetindo todos os dias a mesma coisa, apenas por hábito, por condicionamento, apenas por que você está costumado.
Isso não é de todo mal, os velhos hábitos ajudam. Se uma criança está chorando e não consegue dormir, a mãe lhe dá uma chupeta, ela para de chorar e dorme. Então, depois dela dormir, a mãe pode retirar a chupeta. Mas se ela não lhe der a chupeta, ele não dormirá, ou pelo menos demorará muito mais.
É um condicionamento, no momento em que a chupeta lhe é dada, um tipo de mecanismo é acionado em sua mente, e a criança se sente confortável e dorme tranquila.
O mesmo acontece com você. Não se trata mais de uma simples chupeta, mas basicamente, o princípio é o mesmo. Talvez você sinta dificuldade para dormir em um quarto diferente, em uma cama diferente, sem roupas ou com roupas diferentes das que está costumado, usar um banheiro diferente.
Na verdade não existe relação entre a maneira de dormir e o sono propriamente dito, mas para sua mente sim. Existe o condicionamento. E, com velhos hábitos você se sente melhor, você se sente confortável, como se estivesse entre amigos.
Os mesmos pensamentos todos os dias, a mesma rotina, você sente e acha que está tudo bem.
Ninguém gosta muito de novidade, ninguém gosta de mudar. Você investiu muito nos seus pensamentos, gastou anos acumulando “coisas” em sua mente e agora não se sente bem em joga-las fora.
Esse é o grande problema, você é como um mendigo empurrando um caminhão de coisas inúteis.
Mas se você tiver coragem, começará a perceber (com muita satisfação) a quantidade de inutilidades que você anda guardando em sua mente e como isso põe você prisioneiro de você mesmo, começará a perceber a alegria do “espaço” e a sentir a beleza que ele contém, a grande satisfação que ele começa a lhe proporcionar.
Recapitulando, (parece até apostila de faculdade) do pensamento comum, passa-se a contemplação, depois, vem a concentração e da concentração a meditação.
Movendo-se devagar, você vai percebendo as mudanças dia a dia e quanto mais você percebe, mais compreende o quanto é ridículo continuar carregando o barco nas costas, centenas de quilômetros depois de ter atravessado o lago.
Ora, você é um ser humano e não um caramujo então para que ficar guardando pensamentos, coisas que aconteceram anos atrás.
É, o assunto é complicado mesmo. Sempre que tratamos de coisas abstratas, fica muito difícil explica-las à luz da razão e da lógica. Entretanto, ficará bem mais compreensível e fácil de ser entendido com a prática, somente através da experiência da meditação é que você conseguirá entender todo o processo associativo que formam os nossos pensamentos. Aí então serás livre para fazer, falar e ser o que quiser.
Durante a aula eu falei sobre os 4 tipos de pessoas que fazem perguntas. Também declarei que todo o meu conhecimento advém de minha prática no Karate, no Zen e na Acupuntura, portanto, tudo que eu falo e digo tem embasamento nessas três esferas do saber . Segue o link do Sutra de onde foram tiradas essas informações para aqueles que desejarem.http://centrozendailha.blogspot.com.br/…/poema-do-portal-un…

Muito bem!
O Sutra de Lótus da lei Maravilhosa relata o sermão do Budha realizado no Monte Gridhrakuta, para milhares de pessoas.
O texto do capítulo XXV começa com o Bodisatva da Intenção Inesgotável (Akshayamati). Ele levanta-se do seu lugar, descobre o ombro direito, junta as palmas das mãos e, fitando o Budha, pergunta: Honrado pelo mundo, possuidor de todos os sinais sutis, porque aquele Bodisatva é chamado de Kanzeon.
Akshayamati é o Bodisatva da Intenção Inesgotável, como todo Bodistava ele possui grande compreensão. Ora, se possui grande entendimento, não nutre nenhuma dúvida, pois compreende claramente a doutrina do Budha e, naturalmente sabe quem é Kanzeon, então porque faz essa pergunta ao Budha...
Os sutras dizem que existem quatro tipos de pessoas que fazem perguntas.
1- As que nada sabem, mas querem aprender;
2- As que possuem algum conhecimento, mas ainda tem muitas dúvidas;
3- As que possuem outro tipo de entendimento e, estando presas a esse conhecimento não conseguem compreender outros, ficando o tempo todo colocando a prova o professor e aquilo que ele diz;
4- As que compreendem tudo, porém efetuam perguntam para ajudar a compreensão dos que estão escutando a preleção.
Começa esse capítulo com o Bodisatva Akshayamati se levantando de seu assento, e fazendo uma pergunta ao Budha. Levantar do assento significa abandonar os pontos de vista pessoais, abandonar o ego, converter-se num copo vazio, pronto para receber em seu interior o ensinamento.
Somente assim, a informação pode chegar ao espírito.
Nos mosteiros japoneses é comum efetuar-se sanpai (3 prostrações), antes de se fazer uma pergunta.
Não devemos fazer uma pergunta ao mestre em voz alta, coçando a cabeça, sentados incorretamente, de forma desrespeitosa e sem fazer um cumprimento.
Somos guerreiros e não mendigos, fazer um cumprimento e efetuar uma pergunta numa postura de respeito é uma atitude de dignidade, não somente para o mestre, mas para nós mesmos.
O Bodisatva Akshayamati se levanta e pergunta...
A resposta vem imediatamente... “Ouçam!...” diz o Budha.
Quando se faz uma pergunta a alguém. Ex: Como você está! A resposta deve vir assim que a pergunta acabar, não depois de alguns minutos de reflexão. Se deixarmos escapar o momento presente, o aqui-e-agora, se estivermos desatentos o precioso momento, foge.
A ação decorrente de uma mente distraída nunca é correta, os erros surgem e a felicidade se transforma em sofrimento.
Resultado de imagem para rei gi sahoREI GI SAHO - etiqueta, dêcoro e conduta.

Durante uma das aulas discursei sobre a disciplina esperada durante as aulas e fora delas. Tendo em vista o tempo disponível de um treino, não possuímos espaço para um maior aprofundamento nos assuntos, afinal, há tanto a ser praticado, portanto, aqui descrevo com maior propriedade o tema da conversa.
REGI SAHO - Etiqueta, decoro e conduta.
Afinal, qual a diferença entre o karate desportivo, onde seus praticantes não são artistas marciais e sim competidores, onde se treina levando em consideração apenas o lado esportivo e o Karate marcial, onde os objetivos são outros.
Vejamos o que difere um do outro.
1. Sempre que seu professor estiver dando uma explicação, olhe para ele o tempo todo.
A menos que ele mande olhar em outra direção, permaneça olhando para ele, não se distraia, não converse com outro aluno, não tente fazer o movimento antes que ele dê o sinal de início. Quando o professor começar a falar alguma coisa, pare imediatamente de executar o que quer que você está fazendo e escute.
Nos mosteiros e templos Zen, fala-se muito pouco, as instruções são na maioria das vezes efetuadas em silêncio, apenas uma vez por semana são dadas explicações formais sobre algum assunto que não esteja sendo bem assimilado, assim quando algum professor fala alguma coisa todos o ouvem com muita atenção.
A maioria das prática Zen se iniciam com um som, existem cerca de 14 tipos diferentes de sinos, cada um com uma finalidade, que vai desde informar as horas como chamar para o almoço, para a meditação etc., faz parte do treinamento Zen: ao ouvir o som do sino, parar imediatamente o que estiver fazendo e dar cumprimento ao que é solicitado, não permitir que seu ego inflado considere que o que você está fazendo é mais importante que o assunto para o qual lhe chamam.
2. Ao cumprimentar em pé (hitsurei), colocar os pés juntos e as mãos ao lado (homens) ou à frente das coxas (mulheres) com os dedos juntos e dobrar a coluna no máximo 45 graus olhando para os pés num tempo aproximado de 3 a 4 segundos e depois voltar a posição normal. Ao efetuar o cumprimento demonstre claramente que você tem pressa em demonstrar seus respeitos (curve-se rápido), mas não tem pressa em parar de demonstrá-lo (retorne a posição de forma bem lenta).
A distância entre você e quem você cumprimenta deve ser de 3 a 5 passos, olhe sempre para o chão, nunca para o rosto de alguém de hierarquia superior.
No cumprimento, você deve se abaixar primeiro que seu superior e retornar depois dele.
Não de esqueça que a espiga de milho quanto mais madura, mais abaixa a cabeça, nas das salas de chá japonesas (chanoyu) todos tem que se abaixar para entrar, em razão da soleira ser bem baixa.
3. Ao iniciar o treinamento com um parceiro cumprimente e depois diga: onegai-shimasu (me conceda esse favor). Ao terminar, cumprimente novamente e diga: domo arigato gozaimashita (muito obrigado).
Não estabeleça contato físico com alguém de hierarquia maior que a sua, a não ser que ele inicie o contato, por exemplo: aperto de mãos, abraços etc.
4. Quando estiver conversando ou ouvindo alguma explanação por parte de alguém que seja superior hierarquicamente a você, coloque-se de maneira respeitosa.
Fique com os pés apoiados por igual, não coloque o peso do corpo em cima de uma perna ou outra, não fique trocando de posição, não coloque as mãos nos bolsos, na cintura nem fique estalando os dedos, não encoste em paredes ou soleiras de portas, nunca fique num plano superior ao seu professor, mantenha os braços soltos ao longo do corpo ou cruze as mãos na frente do corpo ou atrás na posição de garçom, não fique olhando em volta, prestando atenção em quem entra ou sai, ao escutar... faça apenas isso... escute e aprenda.
5· Quando em trajeto (deslocamento a pé) não é educado permitir que um graduado carregue malas, embrulhos ou bolsas, ofereça-se imediatamente para carregar seus pertences, mesmo que ele não queira aceitar, insista que ele acabará deixando.
A recusa de ajuda é uma praxe no Reigi.
O aluno mais antigo (senpai) deverá andar à sua direita, ligeiramente atrás de seus passos, o segundo mais antigo deverá andar à esquerda.
Somente passe a sua frente para abrir a porta de um carro ou porta de algum lugar.
Evite perguntar ou acrescentar alguma coisa sobre o assunto que eles estiverem conversando, mesmo que você tenha conhecimento de causa.
Somente responda quando for perguntado e, mesmo assim de forma sucinta e econômica.
Não tente demonstrar erudição, conhecimento ou inteligência. Comporte-se adequadamente, pois se você ferir o sutil código de etiqueta, decoro e conduta, quem passará vergonha é seu professor, que não soube te ensinar corretamente como se comportar.
Ex: Certa vez, quando um mestre Zen veio visitar o Centro Zen do Rio de Janeiro, eu educadamente me ofereci para carregar suas malas, na mesma hora percebi que ele tinha ficado um pouco sem graça, imediatamente percebi que havia cometido uma gafe ou dito alguma coisa errada (a língua japonesa é cheia de formalismos), olhei para minha Mestra no Zen e vi que ela também não tinha ficado satisfeita. Pensei, onde foi que errei!!! Estou sendo educado e ainda estou errando, deixei para lá, pois sabia que na hora certa ela me diria o que fiz de errado.
Somente depois que o hospedamos no hotel é que a mestra me disse que eu era seu aluno e não dele, portanto não podia ter me colocado a disposição para levar suas malas, tinha que esperar que ela me pedisse para levar as malas dele, caso contrário deveria ter ficado calado e quieto ao seu lado.
Esse exemplo é para todos poderem perceber o quanto sutil são as maneiras corretas de se proceder no Budo.
6- Acostume-se a efetuar o gesto formal de cumprimento (abaixar a cabeça) ao entrar e sair do Dojo (local de treinamento), ao encontrar o seu professor (ou qualquer aluno mais graduado que você, independente se ele é de outra tradição ou não. A disciplina e a reverência sempre foram uma tônica nas artes marciais Japonesas. A reverência não é efetuada, especificamente, para a pessoa do professor, mas para o que ele representa.
7. Ao entrar no Dojo, coloque sempre os chinelos ou sandálias com as pontas nitidamente, apontadas para a parede. O relaxamento com as pequenas coisas demonstram uma mente descuidada e indisciplinada. É nas pequenas demonstrações de etiqueta que se conhece a verdadeira escola de Karate e, não um amontoado de pessoas truculentas praticando violência gratuita e sem objetivo.
8. Nunca arrume seu Dogui ou faixa de frente para o professor, para o Butsudan (altar dos ancestrais), para o Sumidan ou Kamidana (altar xintoista), para a imagem ou qualquer outra representação de qualquer um dos Patriarcas do Karate. Este ato, em princípio despretensioso, demonstra grande falta de respeito e desconhecimento da tradição marcial japonesa. Quando um praticante de Karate se compõe (se arruma) de frente para o professor, deixa claro que se considera um igual, do mesmo nível e com o mesmo conhecimento que ele. Quando isso acontece à frente do altar (Butsudan/Sumisan) demonstra não conhecer nem respeitar o que eles representam.
9· Todas as vezes que algum aluno chegar atrasado no Dojo ou depois da aula já ter começado, rege a etiqueta que o aluno deve cumprimentar primeiramente o altar dos ancestrais assim que entrar, ato contínuo, deve se encaminhar para a parte da frente da turma, nunca passando pela frente ou entre o professor e o Butsudan e se colocar em pé ou em seiza ao lado do primeiro aluno e ficar olhando para o professor, esperando que ele o veja, lhe cumprimente e lhe conceda permissão para treinar, após o que você pode se aquecer e assim que houver uma primeira parada para descanso entrar na turma no lugar que sua graduação requer.
Ao chegar, deve o aluno cumprimentar o altar dos ancestrais, entrando pelo lado da porta que fica mais longe do altar, no caso de ser uma porta frontal, entrar com o pé esquerdo.
Sempre que for entrar no Dojo deve, colocar um pé e depois o outro, até que um pé fique encostado no outro e efetuar um cumprimento, não é necessário falar a palavra Oss.
No caso desse aluno que chegou atrasado ser um faixa preta formado pelo professor daquele Dojo, não é necessário ficar em pé ou em seiza, esperando a autorização do professor para começar a treinar, entende-se que ele tenha uma espécie de "reconhecimento marcial" inclusive, se a aula for apenas de iniciantes, ele também tem autorização prévia para ficar afastado treinando o que achar mais conveniente, até que o professor lhe diga o que treinar.
10. Não mostre a sola dos pés descalços ou não, para o Professor, para o altar dos ancestrais ou para qualquer retrato dos patriarcas. Os japoneses e chineses consideram os pés sujos e impuros (Por estarem em contato com o chão), deste modo, este ato é tido como grande falta de respeito e educação.
Uma das primeiras alterações que a China efetuou na prática zen foi a de não se sentar diretamente no chão, como faziam os indús e, sim sobre um acolchoado, por considerarem os pés sujos.
11. Evite, (Ainda que se saiba da curiosidade presente na nossa sociedade ocidental) fazer qualquer tipo de perguntas que não se façam absolutamente necessárias, seja no decorrer da aula ou fora dela. Se você for um aluno de graduação menor que o terceiro Kyu (faixa verde), simplesmente não pergunte nada ao seu professor, tire suas dúvidas com qualquer faixa preta presente.
Um verdadeiro professor sabe exatamente quais informações deve prestar, quando prestar e para qual aluno.
Lembre-se na prática do Karate: “Não ha nada escondido que não lhe seja mostrado nem nada oculto que não lhe seja revelado.
Dirija-se ao professor sempre de maneira educada e respeitosa. Todo o seu avanço na prática do Karate deve-se a seus ensinamentos.
Todo professor sério deve ter por objetivo maior ensinar ao aluno disciplina marcial, tornando-o apto a ser um homem de bem, dotado de capacidade de direção, comando, coordenação, controle e capacidade de decisão.
12. A prática do Karate deve sempre ser efetuada com um espírito Ishinryu Mushotoku (sem almejar resultados, com a mente livre de objetivos que não sejam puramente a prática pela prática).
A formalidade do aluno dentro do local de prática (Dojo), lhe permite conservar a harmonia e a tranquilidade em todos os momentos e situações da vida.
Durante a prática do Karate o discípulo é condicionado a comportamentos e posturas enérgicas e firmes, porém com gentileza, educação e disciplina, como cabe a cidadãos educados.
Dai a importância do respeito no trato com o professor e seus colegas de prática.
Através da ritualística e da etiqueta, sem perceber o praticante é treinado para o “Modus Educandus” e as formalidades indispensáveis aos homens que vivem em sociedade.
No Reigi Saho percebe-se claramente que o mais importante da prática não é chegar a algum lugar, ser melhor, mais competente ou sair-se vitorioso em campeonatos ou torneios, mas descobrir o potencial individual, a energia latente existente em todos.
13. É o Reigi o bridão que segura nossas emoções externas, que organiza a hierarquia dos praticantes, a competência funcional, que não permite o deslize, a arrogância e a grosseria, que preserva a tradição e a mantém com o passar dos anos.
É ele que produz para a comunidade e, naturalmente para a sociedade um homem educado, competente e produtivo.
A prática do Karate deve ser entendida e praticada como um ato quase que sagrado, cada aula que se encerra nos coloca um pouco mais próximos do fim do Caminho.
A apresentação pessoal deve ser como a de quem se encontra indo a um lugar de cerimônia, por isso, sempre que possível: Apresente-se: de banho tomado, de barba feita, com o Dogui sempre limpo e passado, com os cabelos penteados, com as unhas limpas e aparadas (pés e mãos) sem o uso de maquiagem, perfumes fortes e desodorantes de odor doce, dentes limpos, sem adereços ou enfeites barulhentos de qualquer tipo (Brincos, pulseiras, anéis, cordões, gargantilhas etc).
“Um copo não se enche estando acima da jarra, uma pessoa ao se curvar aceita na pessoa que se curva conhecimento superior ao seu e respeita o que ela representa.” Sensei Juichi Sagara
14. Não se prenda as suas opiniões. Não discuta sua visão particular com os outros.
Defender suas opiniões é destruir sua prática.
Sempre aja em grupo.
Não tente se sobressair agindo de maneira diferente.
No Dojo caminhe lentamente, não atrapalhe os que estão treinando.
Faça os movimentos como ensinado, não invente nada.
Não fale nem ria alto no Dojo.
Tenha paciência com os mais velhos.
Tenha o dobro de paciência com os mais jovens.
Seja hospitaleiro com as visitas.
Faça-as sentirem-se bem vindas, atenda as suas necessidades. Quando professores graduados visitarem o Dojo, cumprimente-os educadamente e se coloque a disposição do seu Mestre.
Converse sempre com consideração e respeito.
Seja cortês, deixe as visitas passarem primeiro.
Endureça o treino com os mais antigos.
Não discuta com as visitas aspectos irrelevantes internos do Dojo.
Cuide de si mesmo, não se preocupe com os outros.
Treine para você e não para agradar aos que estão olhando.
Não represente, você não é ator de novela nem político, você é um praticante de Karate.
Se você perceber dois praticantes discutindo não os atice, não tome partido, fale gentilmente para acalmar os ânimos.
Perceba o verdadeiro significado da prática do Katá.
Quando ouvir as preleções do seu professor, mantenha a mente clara. Não se apegue às palavras.
Destrua o pensamento conceitual e capte o verdadeiro objetivo do ensinamento.
Não pense que já entendeu e não precisa mais escutar essas palestras.
Se você tem alguma pergunta, faça-a na hora certa e a pessoa certa. Seu professor representa uma linhagem de muitos anos, merece respeito.
Respeite o professor não como pessoa mas como um digno sucessor do legado do Karate.
Se uma serpente bebe água, a água se torna veneno.
Se uma vaca bebe água, a água se torna leite.
você treina Karate, no que ele vai se transformar.
OSS!
Resultado de imagem para gendai budo                                                                                                     


Os cinco espíritos do Gendai Budo.
Muito bem, mas antes de começarmos a conversar sobre esses cinco “espíritos” vamos entender melhor o que seria esse tal de Gendai Budo e seu contra ponto o Koryu.
Gendai budô, significa literalmente "artes marciais modernas". Refere-se às artes marciais japonesas estabelecidas após a restauração Meiji(1868), que são: Aikido, Judo, Iaido, Karate-do, Kendo, Kyudo, Naguinata-do e Shorinji kempo.
Koryu, significa estilo antigo ou tradição antiga. Trata-se de uma denominação genérica aos estilos de artes marciais tradicionais japonesas, existentes anteriormente à Restauração Meiji. Durante o Xogunato Tokugawa, existiam centenas de estilos, mas após Restauração e a adoção de métodos de guerra ocidentais, ocorreu um declínio acentuado desses estilos.
Uma outra forma de identifica-los seria que as artes marciais denominadas como Gendai Budo possuem uma fundamentação filosófica, sendo portanto classificadas como artes de desenvolvimento humano.
Já as formas de combate denominadas como Koryu seriam as escolas e estilos criados para a luta corporal, para o confronto físico e a guerra.
Muito bem!
Esses são os espíritos:
1- Shoshin: (初心) Mente de principiante
2- Zanshin: (残心) Mente que permanece
3- Mushin: (無心) Não Mente
4- Fudoshin: (不動心) Mente Imóvel
5- Senshin: (先心) Espírito Purificado; atitude iluminada
Estes conceitos muito antigos, atualmente, são completamente ignorados nos modernos dojo de Karate esportivo.
O praticante que se esforça para compreender as lições destes 5 espíritos se transformará num artista marcial completo e um ser humano forte e competente.
O aluno que não se esforça para conhecer e receber estes espíritos sempre será como uma criança que brinca com carrinhos, enquanto que o outro corre com um carro de verdade.
1- Shoshin
O estado de shoshin é aquele da mente de principiante. É um estado de atenção que permanece sempre completamente consciente, atento e preparado. É um estado mental, onde tudo parece sempre estar sendo visto pela primeira vez, mesmo que treine há anos. A atitude de shoshin é essencial para continuar o aprendizado pelo resto da vida.
2- Zanshin
O espírito zanshin é um estado do espírito que permanece, que continua. É frequentemente descrito como um estado continuado de atenção e, naturalmente, de uma facilidade de tomada de decisão quando necessário.
É um estado de foco ou concentração antes, durante e depois da execução de uma técnica, em que uma ligação ou conexão entre o atacante e o atacado é estabelecida.
Zanshin é o estado da mente que nos permite permanecer espiritualmente conectados, não apenas a um único atacante, mas a múltiplos atacantes e mesmo a um contexto completo; um espaço, um tempo, um evento.
3- Mushin
Significa “não mente”. “uma mente sem ego”. “uma mente como um espelho que reflete e não julga”.
O termo original era “mushin no shin”, que significa “mente da não mente”
Trata-se de um estado mental que não possui medo, raiva ou ansiedade.
Mushin é frequentemente descrito pela frase, “mizu no kokoro”, que significa “mente como a água”. Esta frase é uma metáfora que descreve o lago que reflete claramente o que o cerca quando suas águas estão calmas, mas as imagens são obscurecidas quando uma pedra é jogada em suas águas.
4- Fudoshin
Uma mente inabalável e um espírito que não se modifica é o estado de fudoshin.
É a coragem e a estabilidade demonstradas mental e fisicamente.
Mas ao invés de indicar rigidez e inflexibilidade, fudoshin descreve uma condição que não é facilmente transtornada por pensamentos internos ou por forças externas.
É a mente que não se abala com as alternâncias da vida, pois reconhece que tudo muda o tempo todo.
5- Senshin
Senshin é o espírito que transcende os primeiros quatro estados da mente.
É um espírito que protege e se harmoniza com o universo. Senshin é um espírito de equanimidade que abraça toda a humanidade e cuja função é dissipar a desavença no mundo.
Aceitar completamente o senshin é essencialmente a mesma coisa que se tornar iluminado, e pode ir muito além da abrangência do treinamento diário.
Os primeiros 4 espíritos são facilmente atingíveis por qualquer aluno sério através de atenção concentrada e treinamento firme. O quinto necessita de um pouco mais de treino e um professor competente.
Abraçar estes estados da mente pode ser recompensador de diversas formas.
Shoshin liberta o aluno do “vale” frustrante do aprendizado, dando-lhe a visão para enxergar o que ele não poderia ver antes.
Zanshin aumenta a atenção total, melhorando a visão do mundo e o treinamento de combate.
Mushin libera a ansiedade do aluno quando está sob pressão, capacitando-o para uma performance melhor durante uma necessidade.
Fudoshin, proporciona a confiança necessária para o enfrentamento das dificuldades.
Qualquer karateca sério deve encontrar formas de incorporar estes espíritos do budo em seu treinamento diário.
Adaptado do texto Five Spirits Of Budo.

domingo, 11 de setembro de 2016


Yakuza – A mafia japonesa

Yakuza é o nome da maior facção criminosa do Japão e do mundo também conhecida como Gokudo.
Existem mais de 103 mil membros espalhado pelo mundo. Para a polícia e imprensa, esta organização criminosa é chamada de Boryokudan, cujo significado é Grupo de Violência, mas os membros costumam referir-se como Ninkyo Dantai, que significa Organização de Cavalheiros”.
Os yakuza possuem um código de conduta e são muito organizados como os antigos samurais. 
Seus membros seguem um código de regras baseados na lealdade e fidelidade e possuem algumas obrigações como não esconder dinheiro do grupo, não procurar a polícia e nunca desobedecer a ordem de um superior.
Acredita-se que a yakuza surgiu em meados do período Edo (1603 – 1868). Eles eram divididos em 2 grupos oTekiyaque vendiam bens ilícitos, roubados ou de má qualidade; e os Bakuto, que se envolviam ou participavam de jogos de azar.
O nome Yakuza deriva da junção de Ya-Ku-Za (que significa 8-9-3). A sequência numérica é considerada o pior tipo de mão em um jogo de baralho típico japonês.
A máfia japonesa está envolvida em crimes de extorsão, prostituição, jogos de azar, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e drogas, e crimes do colarinho branco mais sofisticados.
De acordo com um relatório da Agência Nacional de Polícia, no ano de 2014, foram presas mais de 22 mil pessoas ligadas a grupos yakuza no Japão.
Não há dados oficiais sobre os valores movimentados pela máfia japonesa, mas estimativas é que a mafia japonesa movimenta “bilhões de dólares” por ano de forma ilegal.
Durante a formação da yakuza, eles adotaram a estrutura hierárquica japonesa tradicional de oyabun-kobun (kobun - filho adotivo) deve a sua lealdade ao oyabun (pai adotivo).
Em um período posterior, o código de jingi (justiça e dever) foi desenvolvido com a lealdade e o respeito sendo um estilo de vida. A imagem abaixo mostra esta hierárquica:
Há muitas famílias Yakuza espalhadas pelo Japão.
Quando um yakuza comete algum delito ou quer demonstrar arrependimento, ele amputa o próprio dedo em um ritual chamado “yubitsume”.
Yubitsume ou o corte do dedo de alguém, é uma forma de penitência ou pedido de desculpas. Após uma primeira ofensa, o transgressor deve cortar a ponta de seu dedinho esquerdo e dar a parte cortada para seu chefe.[
Sua origem deriva a maneira tradicional de segurar uma espada japonesa. Os três dedos menores de cada mão são usados para segurar a espada com força, com o polegar e o indicador levemente soltos.
A remoção dos dedos começando com o dedinho e indo até o indicador progressivamente enfraquecem a mão de um espadachim.
A ideia é que uma pessoa que não consegue segurar a espada firmemente necessita confiar mais no grupo para ter proteção – reduzindo ações individualistas.
Muitos yakuza possuem o corpo cheio de tatuagens. Essas tatuagens, conhecidas como irezumi, são frequentemente feitas à mão, isto é, a tinta é inserida abaixo da pele usando ferramentas manuais não elétricas com agulhas de bambu ou aço. O procedimento é caro, dolorido e pode demorar anos para se completar.
Quando membros da yakuza jogam cartas uns com os outros, eles normalmente retiram suas camisetas ou abrem-nas e amarram-nas na cintura. Isto lhes permite exibir suas tatuagens aos outros.
Este é um dos únicos momentos em que os membros da yakuza exibem suas tatuagens aos outros, visto que eles costumam mantê-las escondidas ao público com camisas de manga cumprida e gola alta.
A yakuza é considerada uma organização semi-legitimada e eventualmente ajudam outras pessoas. Ex: após o Terremoto de Kobe, a Yakuza mobilizou-se para fornecer serviços de socorro (incluindo o uso de um helicóptero) e isto foi amplamente noticiado pela mídia como uma contradição com a resposta muito mais lenta do governo japonês. 
A yakuza repetiu seu auxílio após o terremoto e tsunami em Tohoku, em 2011, com grupos abrindo seus escritórios para refugiados e enviando dezenas de caminhões com suprimentos para áreas afetadas.
Muitas organizações yakuza, com o Yamaguchi-gumi, oficialmente proíbe seus membros de se envolverem em tráfico de drogas.
Eles realiza grandes investimentos em empresas conhecidas e legítimas, também tem laços com o mercado imobiliário e bancos.
Muitas vezes participam de festivais locais, como o Sanja Matsuri, onde eles carregam um santuário pelas ruas exibindo suas tatuagens elaboradas. As vezes eles fazem festas para crianças, ou participam em festivais montando suas próprias barracas.
Por uma questão de princípio, o roubo não é reconhecido como uma atividade legítima da yakuza. Isto está em linha com a ideia de que as atividades deles são semiabertas; o roubo, por definição, seria uma atividade covarde. 
Atividades centrais, como o merchandising, agiotagem ou administração de casas de apostas são normalmente gerenciadas por membros de fora da yakuza, que pagam taxas de proteção por suas atividades.
Ironicamente, Kobe, o lar do maior sindicato yakuza, o Yamaguchi-gumi, é uma das cidades mais seguras do Japão, pois os criminosos mais simples, tais como guangues de rua e trombadinhas, com medo de atrair a atenção da yakuza e sofrerem represálias não atuam na cidade.
A atividade da yakuza nos Estados Unidos é mais concentrada no Havaí, mas eles também marcam presença em outras partes do país, especialmente em Los Angeles e na Baía de São Francisco bem como Fresno, Raleigh, Houston, Oregon, Denver, Chicago E New York.
Fala-se que a yakuza usa o Havaí como uma estação intermediária entre o Japão e o continente americano, traficando metanfetamina para dentro dos Estados Unidos e traficando armas de fogo para dentro do Japão.
Eles facilmente se misturam à população local, visto que muitos turistas do Japão e de outros países asiáticos visitam as ilhas e que há uma grande população de residentes que são completa ou parcialmente descendentes de japoneses.
Os yakuzas são representados principalmente na série de jogos Grand Theft Auto, aparecendo em GTA 2, 3, Advance e Liberty City Stories.
Em todas as suas aparições seu oyabun é Asuka Kasen, e o wakagashira Kenji Kasen. No jogo, Yakuza é o nome usado para se referir a gangue, embora o termo é normalmente usado para se referir aos membros da organização em geral.
A série de jogos Yakuza da Sega, protagonizada pelo ex-yakuza Kazuma Kiryu, representa o submundo japonês com uma fidelidade reconhecida por yakuzas reais.
Mal comparando, até porque o sistema organizacional Yakuza é infinitamente superior, eles lembram muito as organizações criminosas brasileiras ligadas com o narcotráfico.